Como Questionar o Inquestionável?
- Loruamma F. Zuza
- 19 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de jun. de 2023
No dicionário, fato é algo cuja existência é inquestionável. Hoje existe um excesso de informações travestidas de fatos, quando na verdade tratam-se de interpretações dos fatos que, por sua vez, induzem o receptor a não questionar a informação. Como questionar o incontestável?
Para esclarecer a minha visão a respeito do assunto, tenho que, de antemão, definir alguns conceitos que eu faço distinção, são eles: a realidade, o fato puro, fato interpretado e o fato explicado.
A realidade é ação ou coisa feita, ocorrida ou em processo de realização independente da nossa percepção ou conhecimento. A título de exemplo, no site Olhar Digital, publicado em 14/05/21,"a estrela que tem por nome SPLUS J2104-0049 foi descoberta recentemente e estima-se que tenha se formado há pelo menos 13,7 bilhões de anos, umas das mais antigas do universo aproximando-se da data que estima-se ter ocorrido o big bang." Não verifiquei a informação, mas serve para exemplificar que, embora tenhamos descoberto agora, ela existe há muito tempo. Ela não passou a existir porque descobrimos.
O fato puro é a ação ou coisa factual percebida por nós através dos nossos sentidos, ainda que seja coletada por meio de ferramentas tecnológicas.
O fato interpretado é o fato puro sendo decodificado e interpretado pela nossa mente. Cada indivíduo recorre ao conhecimento adquirido e a cosmovisão para interpretar algo, ainda que seja de forma inconsciente e instantânea.
O fato explicado é quando anunciamos o fato interpretado, seja por meio da fala, escrita ou qualquer outra forma de comunicação.
Uma vez que a realidade é conhecida ou manifesta para nós, observadores, ela passa a ser fato puro, que por sua vez, torna-se o fato interpretado. A partir do momento que ele é anunciado, é um fato explicado. O fato interpretado está limitado ao observador que experienciou e teve contato direto com o fato puro.
É impossível explicarmos algo sem sermos influenciados pelo nosso conhecimento, a nossa visão de mundo, nossa cultura, dentre tantas outras variáveis. O mesmo fato puro de hoje assumiria explicações diferentes para a sociedade moderna e a sociedade de 3.000 anos atrás. Você já viu algum ateu dar explicação divina pra algo? Ou algum religioso explicar cientificamente um milagre? Sem dúvidas, todas as pessoas impregnam suas impressões, uns mais, outros menos, mesmo que não seja de forma intencional.
Mas afinal, o que ganharíamos com toda esta filosofia? Para nos aproximarmos da verdade genuína e do conhecimento legítimo, temos que ter contato com o fato puro e fazer uma interpretação que se aproxime ao máximo da verdade. Grande parte do sabemos é fato explicado, além disso, podemos interpretar fatos puro de forma equivocada, visto que o nosso conhecimento e percepção de vida podem estar deturpados.
Diante do exposto, é importante saber identificar o fato puro dentro do fato explicado, buscar conhecer a origem do seu conhecimento e os alicerces da sua cosmovisão. Para isso, te sugiro o seguinte:
Considere que a realidade é absoluta. As coisas são o que são independentemente do observador e a interpretação que se dá para elas.
Considere que o ser humano não tem respostas para todas as perguntas. Todas as áreas do conhecimento humano tem suas perguntas sem respostas.
Na minha tese, 80% do seu conhecimento é embasado em fatos explicados, tais quais te darão base para sua compreensão e cosmovisão. Quantos % você é daquilo que tem lido ou assistido?
Quanto mais conhecimento multidisciplinar você tem, maior as chances de dar uma boa interpretação aos fatos puros.
Evite o dogmatismo científico. O conhecimento humano não se resume apenas as áreas científicas. A ciência não detém a verdade absoluta. Por outro lado, evite o dogmatismo religioso. Tudo é questionável. As respostas vem por causa das perguntas.
Não negue o fato puro a si mesmo quando observado, ainda que você não compreenda. Não ignore-o, ainda que não se enquadre na sua cosmovisão.
Ao ter contato com o fato explicado, seja por meio de um artigo científico, de uma notícia de TV ou de um livro, atente-se ao fato puro. Considere as evidências apresentadas e foque no ato ou na coisa, objeto da explicação.
Fatos explicados não podem negar ou contradizer fatos puros observados ou experienciados por você mesmo.
Cruze informações e permita-se mudar de ideia. Questione seu conhecimento. Investigue as razões que te fazem acreditar que está certo. Busque contraprovas.
Suas interpretações não precisam ser igual a maioria.
Identifique nas perguntas as afirmações que induzem o receptor a crer que são fatos.
Qual a estrela recentemente descoberta que é uma das mais antigas do universo? Antes que responda, verifique o fato puro.

Josiel (filosofia de internet).
Texto interessante!
Deus também é questionável?
Já fui evangélico, durante 23 dos meus 42 anos.
Um dia eu questionei a verdade das religiôes locais e me deparei com muitas interpretações.
Qual das diversas interpretações é a correta? Existe uma ou várias?
Tomismo, arminianismo, calvinismo, wesleinianismo, luteranismo e por aí vai.
Pressuposicionalismo, evidencialismo, monergismo, sinergismo e outors mais.
Diante das diversas cosmovisões, penso ser impossível por si chegar à verdade, se é que ela está em algum lugar.
Como estabelecemos a verdade? Ela é relativa ou absoluta?
Conhecendo nossas limitações, o máximo que podemos chegar são a critérios estabelecidos por nós. Isso significa que por sermos limitados há algo superior, ilimitado ou essa perspectiva também é um…